segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O dia seguinte.


Não me lembro de uma campanha eleitoral tão intensa, nem de uma maioria absoluta tão magra. Intensa não no debate sério e construtivo, mas sim na troca de “galhardetes político-partidários”; magra apenas em percentagem de votos, não retirando assim a sua legitimidade e não refutando a vontade do povo madeirense em voltar a confiar, uma vez mais, no PSD mas sobretudo em Alberto João Jardim.


De facto, os resultados eleitorais são o reflexo de uma campanha pobre em ideias e em soluções. O PS enfrentou estas eleições legislativas regionais como se de uma nau (salvadora) medieval se tratasse – desorganizada e sem rumo. Sem um verdadeiro comandante e homem do leme passaram estas últimas semanas à deriva e domingo acabaram mesmo por “meter água” e afundar. Para estes, o dia seguinte adivinha-se negro e sombrio, numa tentativa de procurar a honra e a união internas. O BE e a CDU são senhores de um discurso que não move as massas, pecando pela sua desactualização e antiguidade (não inovação). A par do PS são os grandes derrotados desta “batalha eleitoral”. O dia seguinte para estes dois partidos, fundados no ideário mais revolucionário de Abril, é caracterizado pela azia e pela necessidade de reconsiderar estratégias e métodos. Já o PND e o PTP não encararam – nem encaram – a política como um assunto sério. Adeptos do circo e de estratégias, arrisco-me a dizer, algo surreais e provocadoras, vão conseguindo alcançar alguns dos seus objectivos. Para estes, o dia seguinte é idêntico em termos de orientação política: a inexistência de ideologia por um lado, e o “fenómeno” Coelho por outro. O MPT e o PAN, com uma campanha discreta, conseguiram eleger um deputado. João Isidoro queria mais e foi embora, enquanto que o PAN estreia-se no Parlamento Regional.

O CDS-PP quadruplicou o número de deputados e considera-se alternativa de Governo num futuro próximo, um pouco à boleia do que acontece a nível nacional. Mas porquê que foi só agora que o CDS se lembrou da coerência? Ups. Referia-me ao dia 9 de Outubro. No dia seguinte, o JMR não quer ficar na ALM e vai para a República. Falso candidato? Tudo indica que sim. 

A tónica da campanha eleitoral e das reacções políticas aos resultados tornaram evidentes a existência de duas forças: uma força pró-maioria e uma outra (partidos + entidades) que tinha como principal objectivo evitar essa mesma maioria.

Ganhou a força pró-maioria. Mas é evidente que as relações entre os dois PSD’s – o da Madeira e o Nacional – já tiveram dias melhores. Um congratula-se pelos resultados obtidos, porém aponta o dedo à gestão financeira regional, receando a queda no barómetro de confiança dos portugueses no continente. O outro, o PSD-M, estatutariamente autónomo e reforçado por este acto eleitoral, queixa-se da falta de solidariedade social-democrata vinda de Lisboa, esta que é bem precisa para regular a situação financeira da Região e para conseguir concretizar um dos objectivos fixados durante a campanha eleitoral: Mais autonomia - que só é possível através de uma Revisão Constitucional. Para a grande família social-democrata o dia seguinte é marcado pelo agradecimento aos madeirenses e pela perspectiva de que o futuro não será fácil.

Há motivos para festejar! Mas esta vitória não é a mais saborosa das 45 já conseguidas.Um dia de cada vez, mas ‘pra frente sempre e sempre pela Madeira!

João Vares Luís

Sem comentários:

Enviar um comentário