Aproxima-se o fim de uma das mais
atribuladas campanhas de sempre, no que se refere a eleições legislativas
regionais na Madeira. Entre os extremos das acusações e das vitimizações não se
encontra a virtude, mas antes uma extrema necessidade de olhar para o futuro
desta ilha e do seu povo. Um futuro para além de contabilidades políticas, onde
o cerne será a efectiva governação em austeridade. Nestes tons de sépia há
muitas incertezas, para as quais a juventude regional tem que estar preparada a
fazer sacrifícios materiais.
Sei que não é popular fazer as
seguintes questões, mas é necessário fazê-las: em tempos de austeridade estará
certo que os bares e as discotecas estejam cheias de jovens a gastar dinheiro? Estará
correcto que a prioridade de uma parte da sociedade madeirense esteja virada
para o acessório, exterior e fugaz, actividades que não trazem valor
acrescentado para o futuro? Nada contra a socialização, mas esta tem que estar
em linha com as exigências diárias, enquanto alegres excepções às regras do
quotidiano. O cidadão não pode se desresponsabilizar das actividades cívicas e
políticas, pois tal põe em causa o próprio funcionamento da democracia.
No Verão explicavam-me que os
arraiais regionais estavam cheios de madeirenses, por motivos de alienação e
escape à dura realidade do dia-a-dia. Meus caros, é tudo uma questão de priorização
orçamental. Afinal, falamos sobre a necessidade do Estado apertar os cordões à
bolsa e se cingir ao essencial em termos de investimentos, mas o cidadão
privado não se coíbe de gastar as suas parcas poupanças (muitas vezes em forma
de empréstimo!) em divertimentos nocturnos? Se a própria população reduz as suas actividades ao “comer e beber”
tribal, então de facto não nos podemos queixar se os partidos respondem com “pão
e circo”.
RB
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