quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A 25ª Hora

Muito antes do advento dos canais de informação 24 horas, é necessário recuar ao dia 19 de Outubro de 1959, para encontrarmos o início das emissões diárias do Telejornal da RTP, por sinal o  programa mais antigo da televisão portuguesa, uma autêntica pedra no sapato da Praça da Alegria. No início dos anos 90, com a chegada das estações de televisão privadas, o prime-time em Portugal passou a ser ocupado por 3 programas de informação distintos, curiosamente os programas com maior número de espectadores. Assim, numa qualquer sala escura, sentado numa poltrona, enquanto afagava um gato branco, alguém percebeu o poder publicitário da informação televisiva e - depois de nos presentear com o Big Brother - criou as estações de informação 24 horas.

Que nem uma miragem no deserto, os canais de informação prometiam ser um oásis de informação e de cultura, mas cedo revelaram-se um terreno ermo e árido, já que a ausência de informação que justificasse a cobertura exaustiva, levou à criação de um paradigma de conflito constante, de urgência premente - razão irresistível para continuarmos a assistir. Ora, este período noticioso de 24 horas, funciona como um verdadeiro amplificador, um instrumento poderoso de transmissão de informação, no entanto se amplificarmos tudo, passamos a ouvir nada. É este desafio que se coloca, hoje em dia, aos partidos políticos, pois cientes do poder de comunicação destes canais e da sua capacidade de direcção do guião político, o podem usar de duas formas, contribuíndo para o ruído ou trazendo clareza ao discurso.

Por fim, e porque, irremediavelmente, um dia terá sempre 24 horas, cabe a cada um de nós criar uma 25ª hora, um espaço de reflexão, longe da propaganda ruidosa de que a Madeira tem sido vítima, e no dia 9 de Outubro façamos uso da palavra, atribuindo-lhe o significado que a cada um de nós pertence, pois se o voto é a memória, a televisão é o esquecimento!

JP Marques

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