Neste abençoado mundo facebooquiano, onde os limites entre real e virtual se esbatem, criam-se novas regras sociais e diplomáticas.
Um exemplo. Quando faz anos, recebe diversas mensagem dos seus "amigos": escalonize os graus de amizades consoante a sua resposta. Se forem só amizades virtuais, dê um like. Se for um conhecido responda com um like e um "muito obrigado". Se for um verdadeiro amigo, personalize a resposta com alguma 'private joke'.
Entretanto tenho reparado que até há novas regras para a vivência democrática, no que diz respeito ao mais elementar direito democrático: o voto secreto. Tornou-se "likeable" postar uma fotografia do boletim de voto preenchido em sigilo, geralmente com uma legenda "Votei bem" , "Voto por Portugal", "Acredito" ou algo parecido de jargão político-partidário.
O voto é secreto e por
alguma razão é feito na privacidade atrás dos biombos cinzentos que acompanham
as mesas de voto. Abdicar desse direito fundamental em democracia é escravizar
o voto e prestar vassalagem às cúpulas dos partidos, seja lá quais forem.
As redes sociais conseguem escapar à imposição do dia de reflexão, mas nunca
deveriam circundar os direitos fundamentais do sigilo de voto dos cidadãos. Há certas coisas que, por serem tão belas e frágeis, nunca deveriam ser fotografadas. A Democracia é uma delas.
RB
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