quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Triunfo dos P.I.G.S.



"PRETENDENDO confirmar a solidariedade que liga a Europa e os países ultramarinos, e desejando assegurar o desenvolvimento da prosperidade destes..." Estávamos em Roma, durante o ano de 1957, quando Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Itália e Alemanha, instituíam a Comunidade Económica Europeia, infelizmente, qualquer semelhança com a União dos nossos dias é pura coincidência! Fast forward algumas décadas, a saída de cena dos regimes de extrema-direita, protagonizados por Salazar, Franco e os Coronéis Gregos, transformavam a integração europeia numa verdadeira oportunidade de desenvolvimento económico - o El Dorado europeu. No entanto, como nem tudo o que brilha é ouro, também a União começou a perder o fulgor enquanto ziguezagueava para bem longe dos seus princípios fundadores, dando lugar à Europa-Metrópole e à Europa-Colónia, a Estados de 1ª e Estados de 2ª.

A Europa vive hoje sob a lógica de uma cidadela, uma fortificação dentro das muralhas de uma cidade, sendo a protecção externa construída para fazer face a ameaças exógenas, e a civitas como garantia da lealdade interna, como defesa em relação a si mesma, como a cerca de uma pocilga descontrolada. Urge refundar o projecto europeu, pois uma União governada através de conferências de imprensa e por quem não foi eleito para o efeito, é uma União em constante impasse e sem rumo definido.

Destarte, o primeiro passo terá de vir da "pocilga", e mais do que apontar culpas à classe política do passado, os países terão de julgar-se a si próprios. Só assim será possível uma nova Europa, uma União livre do complexo de superioridade que criou Europeus de 2ª, e liderada por uma Comissão Europeia, eleita de forma directa, como garante da equidade entre os interesses dos países maiores e os mais pequenos.
 

Uma outra Europa é possível, uma verdadeira União é urgente!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

GPE: Gerir ou desistir?

“Não consigo encontrar emprego” é uma afirmação que a maioria de nós ouve nos dias que correm e provavelmente alguns de nós até a repetem com alguma frequência. É verdade! Actualmente, encontrar um emprego (ou trabalho, depende das vontades) é complicado e não há curso profissional, licenciatura, mestrado ou doutoramento que nos salve. Nem a bendita ‘cunha’, vejam lá.

Mas, apesar de ser este o pensamento dominante, não implica que a nossa geração se acomode e comece a achar que as oportunidades vão chegar ao sofá ou ao café onde muitos passam horas e horas a lamentar-se e a nada fazer para mudar o rumo das suas vidas profissionais.

A procura de emprego é um trabalho a tempo inteiro sem renumeração que exige de todos a mesma responsabilidade, dedicação e empenho que a efectiva entrada no mercado de trabalho implica.

A gestão da procura de emprego (GPE) é um conceito que deve ser cada vez mais levado a sério. Esta, por sua vez, implica pesquisa, planeamento e organização do horário do indivíduo que se propõe a alcançar da melhor forma os seus objectivos. Esta metodologia não é garantia de sucesso, mas é um passo indispensável para alcançá-lo. Desesperante e complicado? Sem dúvida alguma, mas é um caminho que não se pode ignorar e que tem de ser percorrido.

E que fazer nos momentos, dias e meses em que a desmotivação parece dominar o quotidiano? Não há uma fórmula ideal, mas a aposta em concretização de projetos aos quais nunca foi dedicada muita atenção pode ser uma alternativa. O voluntariado também surge como uma forma de ajudar e quem saber ser ajudado através da aprendizagem e aquisição de novas experiências que em muito nos valorizam.  Tudo isto não é perda de tempo, mas sim uma outra forma de rentabilizá-lo.

Termino com outra frase que não escapa as conversas diárias, “os tempos não são fáceis”. Certamente não o são, mas importa à nossa geração continuar a lutar ao invés de ceder às tentações de simplesmente desistir de procurar soluções e, sempre que possível, sugerir alternativas a certos conceitos já estabelecidos e alguns até desactualizados numa área que se quer que a procura seja dinâmica e não estática.

Gerir, sempre. Desistir? Nunca!


Paula Andrade

domingo, 23 de outubro de 2011

Opinião - Balanço do papel da JSD/M na campanha eleitoral, lições a retirar e o caminho a percorrer!

Começo desde já por felicitar todos aqueles que se esforçaram por fazer uma campanha política de verdade, na conjuntura particularmente difícil em que ocorreram estas eleições.
Devem sentir-se orgulhosos porque o objectivo da maioria absoluta foi cumprido e atingido, todavia devemos reflectir e aprender com os nossos erros porque nem tudo foi perfeito.

Fizemos o que nos competia, cada um de acordo com as suas possibilidades e tempo disponível, seguimos o Presidente de uma ponta à outra da ilha galvanizando os sítios em que passávamos com o espírito fervoroso e incandescente próprio de quem é jovem e como se diz na gíria popular de quem tem sangue na guelra.

No entanto, o que tudo tinha para ser perfeito infelizmente não o foi e para ser honesto, foram cometidos erros de principiante que eram escusados e que poderiam ter sido evitados, erros que não são próprios da história e dos valores de uma estrutura partidária com a competência perfeccionista que se espera da JSD e que poderiam ter deitado tudo a perder.
Numa altura em que a seriedade da política madeirense tem sido posta em causa em todos os momentos pela comunicação social a nível nacional e internacional, é necessário mais do que nunca que a JSD se distinga e evidencie pelo exemplo e o modelo que deve ser para todos os jovens madeirenses.

A credibilização da política tem de começar pelos jovens e por isso todos nós unidos pela cor e os valores que norteiam a actuação da JSD, temos a responsabilidade de como se diz no futebol, suar a camisola que representamos, temos a obrigação como referência das próximas gerações que pretendemos ser, de nos pautarmos pela excelência dos nossos comportamentos e pela perfeição dos nossos actos.
É verdade que é difícil e problemático tendo em conta a instituição partidária que representamos, somos o centro das atenções em tudo o que fazemos e temos muita gente a querer o nosso insucesso e a nossa derrota.
Mas é precisamente por estas razões que nos devemos empenhar para que em futuros eventos não ocorram os mesmos episódios lamentáveis, este não é o lugar para aqueles que não aguentam a pressão e a exigência do cargo que ostentam, a política é dura e exige de nós em tempos de agitação a maior serenidade e firmeza possível.
A JSD não pode ser nem deve servir só para abanar bandeiras, distribuir canetas, autocolantes e t-shirts, a JSD é muito mais do que isto e tem de ir para além disto.
Não devemos querer ver o partido ditar e a pressionar o nosso caminho. Existe muita capacidade participativa e interventiva por parte dos jovens madeirenses e por tanto temos de ser nós a incentivar e a defender a liberdade de pensamento crítico dos nossos jovens.
Cabe-nos a nós juventude a irreverência, não de actos mas de discursos que empolguem pelas ideias a opinião pública e façam a sociedade pensar.

Venho desta forma dar algumas propostas e ideias que acredito que serviriam para dar alguma credibilização às Juventudes Partidárias nomeadamente à JSD que naturalmente me insiro:
-Credibilizemos a JSD trazendo qualidade e não tanto quantidade para dentro da nossa família. Temos a obrigação de trazer em primeiro lugar as pessoas que são sérias e acreditam em valores, não nos serve de nada termos a pessoa mais brilhante que na primeira oportunidade se verga e é corruptível.
-Devemos trazer os jovens que têm provas dadas na vida académica e profissional. O afastamento de pessoas de talento da vida política deve-se muitas vezes ao simples facto das pessoas que estão à frente de cargos públicos não serem as mais indicadas para o lugar e ninguém querer trabalhar com incompetentes.
Como fazemos isto perguntam vocês?
-Aumentando a idade de filiação passando-a dos 14 para os 18 anos ao mesmo tempo que prolongamos dos 30 para os 34 anos a permanência na JSD. Nenhum jovem aos 14 anos tem maturidade e sapiência para definir a sua ideologia política e contribuir com ideias para o partido.
Aliás muitas vezes o que acontece é a interferência das juventudes partidárias nas associações académicas apoiando com material de campanha ou até mesmo financeiramente por troca de filiações e apoios às suas listas. Este tipo de promiscuidades deve desaparecer da vida política.
Quanto muito podíamos alargar o estatuto de simpatizante aos jovens que gostassem de integrar a JSD dos 14 aos 18 anos, embora sem poderes de voto e sem a obrigatoriedade de quando atingirem a maioridade serem militantes da JSD, apenas e só com o intuito de participação cívica e de voluntariado.
-Outra medida seria a de abrir a JSD à sociedade civil, convidando os jovens que se destacam na sociedade madeirense, seja na vida académica, no seu trabalho ou pela sua história de vida, para que entrem nas iniciativas por nós organizadas.
Porque é que não se cria um blogue oficial da JSD a ser coordenado por exemplo pelo Gabinete de Estudos ou Relações Internacionais, onde de três em três meses sejam avaliados os melhores 2 ou 3 artigos/trabalhos, galardoando-os com um prémio simbólico monetário ou expondo os seus trabalhos num jornal ou página oficial da JSD na internet.
-Porque é não se organiza em cada semana uma tertúlia cujo único objectivo seria convidar uma pessoa de renome para falar do tema da actualidade nacional e internacional que nos pusesse todos a debater e discutir ideias. 
São propostas simples mas que tenho a certeza seriam mais eficazes em termos de aprendizagem e formação política que por ventura outras mais dispendiosas e sem resultados práticos.

Por fim, tenho de felicitar a Comissão Política pela ideia inovadora e de sucesso que é sem dúvida a criação da JSD-TV no You Tube, um instrumento fundamental para chegar aos nossos jovens informando-os das nossas ideias e iniciativas, dando-lhes conta de maneira directa e intuitiva do trabalho que está a ser desenvolvido na JSD.
Quero agradecer aos meus amigos Bloggers pelo convite e excelente iniciativa que é a criação deste espaço onde predomina a pluralidade de ideias e o respeito pelas mesmas, espero estar a altura!

Francisco Gonçalves Marques

sábado, 22 de outubro de 2011

E a vitória foi a da abstenção.


O povo da ilha Madeira saiu à rua para votar e expressou a sua votante, e mais do que isso demonstrou o que pretendem para os próximos 4 (quatro) anos de governação da Região Autónoma da Madeira.http://regionais.mj.pt/index.html#none

Pelo que várias leituras há retirar do escrutino eleitoral.
Mandatar o PSD/Madeira para sua 10 (décima) maioria absoluta em eleições legislativas regionais, na certeza que é o único entre os candidatos que ainda pode oferecer um caminho.

Mas além da vitória, mesmo que com maioria parlamentar, sobressai a diminuição acentuada do número de votos, pelo que há que retirar conclusões desta diminuição, menos 18.783 votos que nas legislativas de 2007.
Há que perceber que alguma classe média, da classe activa e produtora da Região está descontente, e que grande parte do eleitorado dos centros urbanos mostrou o cartão amarelo à governação PSD/Madeira.

Salvo a melhor opinião, e na necessidade de para continuar na senda das maiorias, terá de existir por parte do PSD/M, uma maior abertura à sociedade civil, indo ao encontro do que é a actual realidade social e suas preocupações, bem como de uma prudente mas necessária renovação no seio do PSD/Madeira.

A passagem do P.S. de segunda para terceira força política, continua a evidenciar de um modo claro, o que representa a oposição na Ilha da Madeira.
Um partido que de em eleição em eleição, vai perdendo votos, eleitorado e representação.
Pode-se assim dizer que o resultado eleitoral de 09 de Outubro, não mais é o espelho do desnorte que este partido se encontra, além de não conseguir passar uma mensagem, nem o seu eleitorado saber qual o tipo de mensagem que querem passar.
Estes sim, precisam de um plano de resgate...

De um modo oposto, o C.D.S passou para a segunda força política na Madeira não por obra do acaso. Inversamente ao PS, soube aproveitar a conjuntura e passar uma mensagem a um target infalível, a classe média urbana descontente.
Por conseguinte, conseguindo transferir grande parte dos votos do eleitorado PSD/Madeira.
De salientar que transparece que este partido preparou esta eleição ao longo de 4 (quatro) anos, sob a orientação de Paulo Portas que pegou em José Manuel Rodrigues, deu-lhe tempo de antena, notoriedade preparando-o para o dia 09 de Outubro de 2011.
No entanto a suspensão do mandato do seu líder para continuar em São Bento, certamente será um desapontamento para os eleitores "centristas", e da oposição regional que perde "massa critica" e alternativa às iniciativas PSD/M.

No fundo uma grande premissa a retirar da politica regional, é dizer que o eleitorado Madeirense é tradicionalmente de direita, com a consequência de quase nulidade de esquerda política com responsabilidades de governação.
E isso esteve bem presente nos resultados do passado dia 09, com a saída do BE de da ALRAM, e a perda de representação da CDU.
Quererá então dizer que a mensagem formatada destes partidos é inadequada à realidade Madeirense?

Mais do que inadequada, é uma oposição mais do que propostas de denúncia.
Centram o sua actividade politica, na reivindicação em situações concretas e específicas, num target politico especifico, como é o caso das zonas altas do Funchal, dos bairros sociais.
Mas também podemos dizer que, perante os resultados de dia 09 forças políticas como a CDU, BE não tem já um eleitorado fiel......

Aliás, esse mesmo eleitorado que recebe a mensagem da reivindicação e da denuncia, transferiu grande parte do seu voto para partidos homónimos, como é o caso do PTP de J.M.Coelho, que com uma carrinha, um megafone e três pessoas formou um grupo parlamentar na ALRAM.
É certo que grande parte dos partidos de esquerda, inversamente ao bloco P.S. e P.S.D, não são transversais na sua mensagem e classe social, mas se continuarem deste modo "presos" ao mesmo discurso que desde que abriram portas, o caminho é o mesmo que a velha U.D.P. .....

Com surpresa surge e eleição do PAN , certo com um só deputado, na ALRAM, quem com sua eleição vem traduzir que há um espaço na politica regional para uma nova mensagem, para novas politicas. Bem como que, as preocupações do eleitorado são já mais maduras.
Pese embora a sua eleição, meritória certo, tem este partido de perceber que a actividade politica não esgota após a eleição, tem de continuar dia a dia.

Esperemos então pelo inicio da actividade parlamentar, que pela primeira vez, terá um PSD/Madeira com a menor maioria absoluta de sempre na ALRAM, e que sabe que pese embora tenha tido maioria parlamentar (fruto do método de hondt, concebido e baptizado pela ALRAM), sabe que só 48%, dos Madeirenses votaram (até porque o partido mais votado foi a abstenção) no partido da sete laranja.

Assim vai a politica Madeirense...


Rúben Aguiar Santos





quinta-feira, 20 de outubro de 2011

"Eles não são tontos"

"Eles não são tontos"
por Filipe Mendonça (jornalista TVI-24)
Domingo, 9 de Outubro de 2011 às 23:37

«Gostava que a Madeira tivesse virado a página. Não virou. Mas compreendo a decisão dos madeirenses. Se vivesse num canto perdido da Calheta ou de São Vicente, talvez estivesse eternamente grato ao homem que me ligou ao mundo, que me mostrou que o Funchal, afinal, é já ali, e que plantou um centro de saúde à minha porta. Talvez.

Gostava que a Madeira tivesse virado a página. Mas percebo a escolha dos madeirenses. Se vivesse perdido numa esquina da Ribeira Brava, talvez estivesse eternamente grato ao homem que ergueu a escola para o meu mais novo, ali mesmo ao lado da rotunda - a dois passos cá de casa - e avançou com o subsídio para o mais velho poder estudar em Lisboa, na universidade. Talvez.

Jardim ganha porque oprime, gritam os adversários. Jardim ganha porque torna possível, responde o povo. A opressão, para quem não tem pão, é outra coisa. Jardim sabe disso. A história está cheia de homens como ele, mas faltam homens com obra assim. A gratidão esquece a opressão, seja lá o que isso for para gente que há 35 anos vivia na segunda região mais pobre do país, e que hoje levanta a cabeça para falar do segundo canto mais rico de Portugal.

É a dívida, gritam os cubanos. A dívida na Madeira está na vida das pessoas, como aqui está nos nossos bolsos. Com uma diferença: a dívida na Madeira tornou possível. E paga-se, aqui ou lá. Está na hora de deixar de olhar para os madeirenses como um bando de iletrados, "semi-tontos", brincou a Helena Matos. Atenção aos resultados desta noite.

Jardim ganha, mas tem o pior resultado de sempre. Governa sozinho, mas enfrente a maior oposição da história. O PS, fabrincante da dívida de todos, tem um castigo exemplar. E a esquerda? Desaparece (ou quase) do Parlamento Regional e descansa no discurso de Jardim. "Face a este capitalismo selvagem impõe-se o intervencionismo disciplinador do Estado nos meios financeiros". Bloco e CDU? Para quê? Olhem para os concelhos mais pobres da Madeira e vejam os resultados do PSD. Esmagadores.

Os madeirenses são tudo menos "semi-tontos". E em relação à falta de saúde democrática do "regime", outro rasgo de ironia: dos nove partidos concorrentes a estas eleições, oito conseguiram votos suficientes para terem representação parlamentar. Até o partido dos animais (PAN). E nós, aqui no canto iluminado do continente, do alto da nossa intelectualidade, mais não temos conseguido do que meter os cinco de sempre em São Bento.

Gostava que a Madeira tivesse virado a página. Não virou. Escreveu outra. Porque os madeirenses são assim.»

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Austeridade

Sobre este assunto, tão badalado nas principais praças europeias, proponho-me a fazer uma avaliação mais política do que económica.


Na quinta-feira o Governo anunciou novas medidas de austeridade. Aliás não são assim tão novas. A Troika (UE, BCE e FMI) no seu memorando já previa algumas dessas medidas. Das tomadas pelo Governo contam-se, entre outras:

  •  Profunda reestruturação do sector empresarial do estado;
  • A expansão do horário de trabalho em meia hora por dia, no sector privado;
  •  Ajuste do calendário dos feriados;
  • Cortes na saúde e na educação;
  • Passagem da taxa intermédia do IVA para a taxa máxima na maior parte dos produtos;
  • Eliminação dos subsídios de Férias e de Natal para quem tem pensões ou salários superiores a 1000 euros por mês. No caso dos salários só estão em causa os funcionários da administração pública e do sector empresarial do Estado.
Há quem fale em exagero, há quem esteja indignado. O que é certo e sabido é que o cinto dos portugueses ia apertar, quer com um Governo de esquerda, quer com um Governo de direita.

Não há volta a dar. Há metas fixadas que têm que ser cumpridas e Portugal não pode falhar, correndo o risco de perder credibilidade junto dos credores internacionais e de se sujeitar, eventualmente, a novas medidas de austeridade como consequência de um novo tranche de ajuda financeira externa. A principal meta é a redução do défice para 4.5% já em 2012 e as medidas de austeridade visam atingi-la. 

Os cortes na saúde e na educação eram expectáveis, na medida em que, são dos sectores do Estado que mais canalizam verbas. Todavia, é imprescindível a manutenção do Estado Social através da atribuição de bolsas de estudo aos estudantes universitários mais carenciados e de um valor tendencialmente gratuito que a nossa Constituição impõe para o ensino superior público – leia-se manutenção ou redução do valor das propinas, admitindo apenas o aumento através de uma actualização do respectivo valor segundo os indicadores económicos actuais. 

A eliminação dos subsídios de férias e de Natal e a passagem do IVA para a taxa máxima na maior parte dos produtos são medidas excepcionais e, segundo o Executivo, temporárias. Estas são as medidas mais contestadas e, porventura, aquelas que terão um impacto mais negativo na população, sobretudo na classe média

Por outro lado, não é com o reajustamento do calendário de feriados, maxime com a redução de feriados religiosos, que se perde a fé. Pelo contrário, acredita-se em melhores dias, na confiança de que Portugal vai conseguir ultrapassar esta “situação de crise e emergência nacional”. 

Em suma, os portugueses vão pagar por erros de gestão financeira que não são seus. A solidariedade inter-geracional está hipotecada.

De quem é a culpa?

A resposta é óbvia, a culpa é dos (maus) decisores políticos. A Comissão Europeia avançou com uma solução: “a responsabilidade penal individual dos actores financeiros” e a sua incorporação no Direito Europeu. Que se avance...

João Vares Luís

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Desejos


 
Terminou o conturbado processo de eleições à Assembleia Legislativa da Madeira, marcado por um alto grau de violência política generalizada. Já muito foi partilhado sobre a matéria, inclusivamente neste espaço de discussão.

Temos que olhar para a frente, sempre. Mas não é um olhar inconsciente. Temos que seguir em frente, munidos de valores éticos para a actuação política, pois nunca a situação regional, nacional e internacional exigiu tanta responsabilidade ética por parte dos políticos.

Tal com se faz no início do dia 1 de Janeiro ou em qualquer início de um novo ciclo, tenho uma pequena lista de desejos para esta nova legislatura regional. Uso a imagem do dente-de-leão, que com o sopro humano espalha as suas sementes pela Terra. Quero partilhar este exercício convosco:

  1. Que os extremismos fiquem à porta, e que os excessos violentos da campanha sejam controlados de uma vez por todas. Nunca será cliché demasiado dizer que os políticos têm que ser exemplos para a população, especialmente quando se trata da juventude.
  2. Que todos os deputados eleitos honrem a responsabilidade cívica que paira sobre cada mandato da ALRAM. A esfera privada e a esfera pública da vida de um político não são espaços cirurgicamente distintos, por isso é fundamental que sejamos governados e representados por cidadãos responsáveis.
  3. Que se debatam ideias concretas para concertar as finanças regionais e que se proponham novas estratégias de governação económica. Pode parecer um choque depois de 2 semanas intensas de campanha partidária, mas é óbvio que a solução para a Madeira é uma síntese de todas as visões divergentes na ALRAM.
  4. Que não se tenha medo de ousar na diferença. As idiossincrasias regionais são o que nos tornam especiais, e nunca nos devemos conformar a um modelo e a uma visão homogeneizadora imposta sobre os madeirenses.
  5. Que a democracia e a liberdade de imprensa nunca volte a ser barricada à vontade de uma mão cheia de homens. O faroeste está no passado histórico por alguma razão e a evolução segue os ditames do civismo e não da guerrilha.
  6. Que se respeite quem está do outro lado do plenário da Assembleia, em tolerância pela pluralidade, sem insultar a inteligência nem das minorias, nem da maioria. O fio condutor da democracia é o respeito mútuo.
  7. Que quem esteja a ler esta lista, partilhe a sua visão de uma política melhor, usando para isso os comentários a este post. Política é um exercício comunitário diário - não se faz só em plenários e os cidadãos devem intervir com ideias para além do acto eleitoral.
 Quem tem o n.º 8, 9, 10, 11, 12...?

RB

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O dia seguinte.


Não me lembro de uma campanha eleitoral tão intensa, nem de uma maioria absoluta tão magra. Intensa não no debate sério e construtivo, mas sim na troca de “galhardetes político-partidários”; magra apenas em percentagem de votos, não retirando assim a sua legitimidade e não refutando a vontade do povo madeirense em voltar a confiar, uma vez mais, no PSD mas sobretudo em Alberto João Jardim.


De facto, os resultados eleitorais são o reflexo de uma campanha pobre em ideias e em soluções. O PS enfrentou estas eleições legislativas regionais como se de uma nau (salvadora) medieval se tratasse – desorganizada e sem rumo. Sem um verdadeiro comandante e homem do leme passaram estas últimas semanas à deriva e domingo acabaram mesmo por “meter água” e afundar. Para estes, o dia seguinte adivinha-se negro e sombrio, numa tentativa de procurar a honra e a união internas. O BE e a CDU são senhores de um discurso que não move as massas, pecando pela sua desactualização e antiguidade (não inovação). A par do PS são os grandes derrotados desta “batalha eleitoral”. O dia seguinte para estes dois partidos, fundados no ideário mais revolucionário de Abril, é caracterizado pela azia e pela necessidade de reconsiderar estratégias e métodos. Já o PND e o PTP não encararam – nem encaram – a política como um assunto sério. Adeptos do circo e de estratégias, arrisco-me a dizer, algo surreais e provocadoras, vão conseguindo alcançar alguns dos seus objectivos. Para estes, o dia seguinte é idêntico em termos de orientação política: a inexistência de ideologia por um lado, e o “fenómeno” Coelho por outro. O MPT e o PAN, com uma campanha discreta, conseguiram eleger um deputado. João Isidoro queria mais e foi embora, enquanto que o PAN estreia-se no Parlamento Regional.

O CDS-PP quadruplicou o número de deputados e considera-se alternativa de Governo num futuro próximo, um pouco à boleia do que acontece a nível nacional. Mas porquê que foi só agora que o CDS se lembrou da coerência? Ups. Referia-me ao dia 9 de Outubro. No dia seguinte, o JMR não quer ficar na ALM e vai para a República. Falso candidato? Tudo indica que sim. 

A tónica da campanha eleitoral e das reacções políticas aos resultados tornaram evidentes a existência de duas forças: uma força pró-maioria e uma outra (partidos + entidades) que tinha como principal objectivo evitar essa mesma maioria.

Ganhou a força pró-maioria. Mas é evidente que as relações entre os dois PSD’s – o da Madeira e o Nacional – já tiveram dias melhores. Um congratula-se pelos resultados obtidos, porém aponta o dedo à gestão financeira regional, receando a queda no barómetro de confiança dos portugueses no continente. O outro, o PSD-M, estatutariamente autónomo e reforçado por este acto eleitoral, queixa-se da falta de solidariedade social-democrata vinda de Lisboa, esta que é bem precisa para regular a situação financeira da Região e para conseguir concretizar um dos objectivos fixados durante a campanha eleitoral: Mais autonomia - que só é possível através de uma Revisão Constitucional. Para a grande família social-democrata o dia seguinte é marcado pelo agradecimento aos madeirenses e pela perspectiva de que o futuro não será fácil.

Há motivos para festejar! Mas esta vitória não é a mais saborosa das 45 já conseguidas.Um dia de cada vez, mas ‘pra frente sempre e sempre pela Madeira!

João Vares Luís