segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Para mau entendedor, meia-notícia basta!

Ainda não refeito da "blitzkrieg" a que tem sido sujeita a Madeira pelos media e "opinion-makers" portugueses, parece-me que a criação deste espaço de partilha e discussão de ideias é, hoje mais que nunca, essencial! Na verdade, vivemos numa sociedade dominada pelos meios de informação, em que a luta pela capa de jornal mais sonante ou pelo "sound bite" mais estridente, levam a que o conteúdo passe para segundo plano e, consequentemente, nos fiquemos por meias-notícias. Todavia, se para bom entendedor meia-palavra basta, uma meia-notícia leva a uma meia-verdade, e, caros amigos, uma meia-verdade é uma mentira inteira.

Assim, o jornalismo português, quiçá inspirado pelas exigências contemporâneas de contenção, opta por publicar metade dos factos subjacentes à dívida da Madeira, empolando o seu real impacto no panorama das responsabilidades financeira nacionais, e, simultaneamente, nunca contrapondo-o a outras situações ruinosas, exemplo das Estradas de Portugal, dos transportes público de Porto e Lisboa, ou até da aquisição e alienação do BPN. Ora, apercebendo-se de que poderia ganhar algum tempo de antena, António Seguro - com a maior das desonestidades intelectuais - apressou-se a montar neste "cavalo de desinformação", comparando a Madeira à Grécia e confundindo confiança política com legitimidade democrática. Por fim, e porventura na omissão mais gravosa, cedo se apontou o ano de 2008 como ponto de partida para o recém-descoberto défice, mas nunca se referiu o impacto que a Lei das Finanças Regionais - aprovada em 2006 - teve na economia da Região, por um lado reduzindo as transferências da República e, por outro, negando a tão pretendida autonomia fiscal.

Caros leitores, em jeito de conclusão, não ponho em causa a existência da referida dívida, não duvido, sequer, que ao longo de 33 anos de governação tivessem sido cometidos erros, mas o que não aceito é que os media façam da Madeira um bode expiatório da difícil situação que atravessa Portugal e, simultaneamente, definam o desenvolvimento da nossa Região como sinal dos tempos e não pela qualidade da governação.

2 comentários:

  1. Copiando e editando o discurso conduzido no Facebook, aqui fica para mais futura discusão.
    Como qualquer outra pessoa de bem, eu partilho um amor pela verdade, transparência e seriedade. Igualmente pelo humor... mas não é pelo humor que voto em politicos. A imparcialidade jornalística é díficil de se ver na Madeira, o jornal da Madeira é tudo menos isso, o diário de noticias por outro lado, tenta dar o reverso da medalha (as coisas menos felizes do regime jardinista). Se quiseremos imparcialidade ou algo mais proximo disso temos de ler muitos jornais, muitos artigos (de opinião e não) e daí fazer a nossa propria conclusão. Eu até gosto de pensar por mim proprio e é um exercício que dispenso os jornalistas o façam por mim. Gostaria deles obter apenas os factos. Daí não me chocar, não me aborrecer e nem sequer ficar ofendido por algum artigo de opinião (ou de imparcialidade questionável ... cof cof JM).
    Ninguem deve levar a peito estas acusações e os cidadões (madeirenses ou não) devem de ler tais artigos como um reflexo sobre a prestação de um governo, e não dos seus habitantes.
    Apesar de termos culpas no cartório por elegermos sempre a mesma turma durante 30 anos, mas isso é outra história...
    O que os cidadões merecem e devem receber dos seus governantes é exactamente essa seriedade, essa honestidade e de preferência um bom trabalho por parte dos seus governantes eleitos. Sim... por que o Governo regional não existe para que os madeirense estejam subjugados a eles, mas sim para servir os madeirenses.

    Mais!
    Até proponho que se altere o título de "presidente do governo regional", para "servo do povo madeirense". Achas que iria a discusão ao parlamento esta??? :D
    Bem, transparência nas contas regionais pelos vistos não houve... se é por causa disso que Portugal como país está enterrado, não é. Como é claro. Que ajudou... sim ajudou.
    Mas o eu gostava de ver... ficava mesmo orgulhoso disso... (apesar de não contribuir activamente para essa utópia) era de ver a madeira rica. Mesmo obscenamente rica... Económicamente estável e forte ao ponto de não precisarmos de ajudas financeiras Europeias ou do governo nacional. Gostaria de chegar ao ponto de sermos nós a contribuir algo para ajudar uma região mais pobre do nosso país. Isso é que eu gostava de ver...
    E é algo que com a actual situação política é obvio que nunca chegaremos.

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  2. Caro Vítor,

    Mais do que imparcialidade, defendo maior objectividade por parte da comunicação social, uma meta, por sinal, bem mais exigente. Quanto ao DN e ao JM, são ambos faces da mesma moeda!

    Saudações Autonómicas,

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