terça-feira, 20 de setembro de 2011

Olho da tempestade




Desde 2008 que a palavra “crise” adorna os jornais, as conversas de café e o subconsciente da população ocidental. É nos dito para preparar para o pior, esperando o melhor, mas a verdade é que o anticiclone total e voraz ainda não nos pulverizou. Claro que o desemprego subiu, empresas vivem dificuldades tremendas, e o Estado travou as suas despesas, mas os alicerces sociais das nossas comunidades não foram abalados.

Vivemos assim suspensos, em limbo, num vácuo, aguardando a tempestade, entregando-se às últimas indulgências antes que mãe-de-todas-as-crises nos abale. Afinal, até a UBS fala em possível guerra civil na Europa!

Por mais indefensável que seja a omissão de dados e a descoberta de buracos orçamentais, a mãe-de-todas-as-crises é outra: é a negação do apoio comunitário, é a desintegração europeia, é a ostracização de uma parcela do território, de uma parte do povo português.

Diz-se que no olho da tempestade não se sente o vento. Nesta, não se sente a solidariedade. Não se sente a empatia. Mas uma coisa é certa: a origem da palavra crise, krisis em grego, significa um ponto de transição, de escolha e de separação onde o ser humano opta por uma maneira de se adaptar às novas exigências do seu meio. 

Essa opção não pode ser imposta arrogantemente pela pseudo-intelligentsia portuguesa, mas antes pelo eleitorado através do seu voto: estes são os desígnios da democracia.

RB

5 comentários:

  1. Diga-mos que a tempestade tem 3 estados, entrada, olho e saída. A entrada foi a consciencialização, o olho é o momento que todos sabemos que vai doer mas ainda nada doí, a saída se a tempestade intensificar será a força de ventos ciclónicos que irão arrancar a mais consolidada árvore das suas raízes e do seu terreno.

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  2. zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades das laranjinhas mijinhas!!

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  3. Sr Anónimo "Gordo",
    se se sente obeso recomendo uma dieta para cortar nas gordurinhas, mas nada muito diurético! :)
    Já agora, obrigada pelo ânimo que nos dá para continuarmos a escrever! É sinal que o estamos a fazer bem! :)

    Sr Anónimo das 15:21, aqui ninguém está zangado com ninguém. Deve ser algum malentendido!

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  4. Ora bem,
    Quando li este comentário dei uma gargalhada porque me lembrei da História de Portugal e de um reinado com o (cognominado O Gordo) e resalve-se no seu reinado a seguinte transcrição:

    "Afonso II não contestou as suas fronteiras com Galiza e Leão, nem procurou a expansão para Sul (não obstante no seu reinado ter sido tomada aos Mouros a cidade de Alcácer do Sal, em 1217, mas por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de Lisboa), preferindo sim consolidar a estrutura económica e social do país. O primeiro conjunto de leis portuguesas é de sua autoria e visam principalmente temas como a propriedade privada, direito civil e cunhagem de moeda. Foram ainda enviadas embaixadas a diversos países europeus, com o objectivo de estabelecer tratados comerciais. Apesar de, como já dissemos, não ter tido preocupações militares, enviou tropas portuguesas que, ao lado de castelhanas, aragonesas e francesas, combateram bravamente na célebre batalha de Navas de Tolosa na defesa da Península Ibérica contra os muçulmanos.
    Outras reformas de Afonso II tocaram na relação da coroa Portuguesa com o Papa. Com vista à obtenção do reconhecimento da independência de Portugal, Afonso Henriques, seu avô, foi obrigado a legislar vários privilégios para a Igreja. Anos depois, estas medidas começaram a ser um peso para Portugal, que via a Igreja desenvolver-se como um estado dentro do estado. Com a existência de Portugal firmemente estabelecida, Afonso II procurou minar o poder clerical dentro do país e aplicar parte das receitas das igrejas em propósitos de utilidade nacional. Esta atitude deu origem a um conflito diplomático entre o Papado e Portugal. Depois de ter sido excomungado pelo Papa Honório III, Afonso II prometeu rectificar os seus erros contra a Igreja, mas morreu em 1223 excomungado, sem fazer nenhum esforço sério para mudar a sua política.
    Só após a resolução do conflito com a Igreja, logo nos primeiros meses de reinado do seu sucessor Sancho II, pôde finalmente Afonso II descansar em paz no Mosteiro de Alcobaça (foi o primeiro monarca a fazer da abadia cisterciense o panteão real).
    Foram por sua ordem feitas as primeiras Inquirições em Portugal, com inicio em 1220."

    E no final dei uma segunda gargalhada. Perceberam o porque?...

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  5. Para o senhor do comentário das 15:00, digo apenas para tentar não insultar as pessoas mantendo assim um debate saudável neste blogue, que é esse o nosso objectivo.

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