Educação: pilar central na formação de um Estado, neste caso Região.
Cabe-nos então efectuar uma análise, mais ou menos minuciosa, da educação aqui na nossa Região.
Comecemos, por muito antagónico que possa parecer, por uma Direcção Regional extinta: a Direcção Regional do Ensino Especial (DREE). E porquê? Porquê iniciar o texto com a extinta DREE?
Por uma razão muito simples. O Ensino Especial continua (não só na Região como também um pouco por todo o País) a ser completamente posto de parte, marginalizado, parente mais pobre do sistema educativo. O Estado Social de que tanto se fala não tem capacidade para assegurar aqueles que têm necessidades especiais. Como sempre, quando o tempo é de aperto, corta-se onde não pode cortar, onde já não existem as tais famosas "gorduras" suportadas pelo erário público.
Ninguém saiu em defesa (talvez se houvesse ainda a DREE seria diferente) daqueles alunos que há bem pouco tempo sofreram uma diminuição na qualidade do seu acompanhamento, ao ver cancelado o seu transporte para instituições apropriadas para o desenvolvimento das suas actividades diárias. E imagine-se, faltou o combustível para o transporte das crianças. Há que mudar, reformular, este parente pobre da educação e propiciar boas condições àqueles que mais dificuldades têm.
Um outro capítulo da educação que é preocupante é o ensino secundário. Falta giz nas escolas, há a proibição de tirar fotocópias a não ser para testes e, para completar a gritante aflição das escolas secundárias, falta papel higiénico nas casas de banho. Sim, isso mesmo que acabaram de ler, papel higiénico. As salas a abarrotar de alunos, os preços cada vez mais exorbitantes nos bares e cantinas escolares, a falta de professores e auxiliares são outros dos problemas no Ensino Secundário. Talvez uma reorganização do modelo escolar e a fomentação de parcerias entre privados e escolas seja um caminho a explorar. Dá-se como exemplo o Liceu Jaime Moniz em que uma empresa fica com os lucros do pão vendido na escola e por isso o pão é mais barato para os alunos. É verdade que não há lucro por parte da escola, mas também não há prejuízo, e tendo em conta a falta de fundos, já é muito bom!
Analisemos agora o Ensino Superior. Aqui sim o sector mais problemático. Até pode nem ser o que está pior, quando comparado com o Ensino Especial, mas sem dúvida que se encontra numa situação paupérrima. No entanto, as questões negativas do nosso Ensino Superior são as mais difíceis de resolver. A falta de verba fez com que a UMa (Universidade da Madeira) fosse a Universidade Portuguesa com mais desistências. Mas como resolver esta questão? Como captar fundos para investir na Universidade? Podemos nós dar os primeiros passos para o modelo norte-americano de Universidade, em que está é auto-sustentável?
Outra pergunta que se poderia colocar: até que ponto seria viável adaptar os cursos da UMa ao mercado de trabalho Regional?
(Uma opinião pessoal: uma Associação de uma Universidade que é gerida como uma empresa, em que se privilegia a obtenção do lucro, em vez de um acompanhamento real dos problemas dos estudantes, não ajuda a credibilizar a instituição.)
Apesar de tudo isto, (re)conhece-se a exigência do ensino primário na região, no qual ao contrário do que se passa em território continental há retenção de alunos. Tenta-se assim implementar uma educação que tenha por base o mérito. Igualmente observa-se uma boa rede de creches e infantários que dá a sua contribuição, em muito tenra idade, para a educação do nosso futuro.
Em género de balanço diríamos que a educação navega ao sabor, não do vento, mas sim do dinheiro, da estabilidade financeira (ou melhor, falta dela), que assola o nosso Portugal e a nossa Madeira.